
Última atualização: 23/11/2021
Entre a miséria, as lutas e a fé, a Guerra de Canudos serviu para mostrar a marginalização dos moradores e da acentuada injustiça social ocorrida na região da Bahia.
A Guerra dos Canudos foi um cenário envolvendo exploração de latifundiários, coronéis e um governo que pouco se importava com a situação, uma comunidade foi organizada por Antônio Conselheiro.
A bravura das pessoas que lutaram incansavelmente por direitos que hoje são considerados básicos, é descrita e sempre relembrada em livros de história.
Seus conhecimentos são de grande importância, uma vez o conflito evidenciou a importância dos movimentos sociais no nosso país. Veja tudo a seguir sobre a Guerra dos Canudos.

Resumo da Guerra de Canudos
A Guerra de Canudos ocorreu entre novembro de 1896 e outubro de 1897 em arraial dos Canudos, no sertão da Bahia.
O conflito foi fruto de uma revolta social dos moradores locais quanto as exigências do governo e dos latifundiários e pela completa negligência dos mesmos quanto as necessidades do povo.
Antônio Conselheiro, foi o responsável por organizar uma comunidade mais igualitária, que se opunha ao governo da época.
O movimento que ameaçava os negócios dos coronéis, resultou em conflitos militares com a comunidade do arraial dos Canudos, dando início a Guerra de Canudos.
Quatro expedições militares precisaram ser feitas para que a comunidade de Canudos fosse finamente dizimada, tamanha fora a determinação e a inteligência de seus guerrilheiros para reunir seu exército. Antônio Conselheiro resistiu até o fim defendendo o seu povo, vindo a falecer em setembro de 1897.
O que foi o Messianismo na República Velha?
O messianismo é uma crença de origem judaico-cristã que consiste na chegada de um indivíduo escolhido por Deus (messias), onde este por sua vez, seria o responsável pela libertação do povo.
A Guerra de Canudos foi causa do primeiro e também do maior movimento messiânico ocorrido durante a República Velha, que tinha como líder Antônio Conselheiro, um peregrino de fortes crenças cristãs.
Já o segundo movimento resultou na Guerra do Contestado, onde a indignação do povo acabou fazendo do monge José Maria um líder a ser seguido. Ambos os movimentos foram resultado do descaso dos governos e dos coronéis com a situação da população.
As regiões mais carentes do Brasil foram e ainda são locais propícios a lideranças de cunho religioso, entretanto, nada se comparou aos movimentos sangrentos e rebeldes ocorridos durante a época da República Velha.
Quem foi Antônio Conselheiro?
Antônio Vicente Maciel, nasceu em 13 de março de 1830 em Vila Nova do Campo Maior, e foi um líder religioso de Canudos. Em 1893 cansado de peregrinar, Antônio decide ficar as margens do Rio Vaza-Barris, em uma pequena aldeia localizado próximo a Fazenda Canudos.
Indignado com a injustiça social, Antônio Conselheiro mostrava ódio aos que se aproveitavam dos menos favorecidos e por esse motivo, buscava ajudar no que dava com a intenção de amenizar o escasso cenário ali presente.

Conselheiro foi responsável por criar uma comunidade agrária no sertão, que acabou reunindo cerca 20 mil pessoas vindas de todo país, entre elas pobres agricultores, escravos libertos e índios. Belo Monte foi o nome dado ao local por Antônio Conselheiro, na região conhecida como arraial dos Canudos.
Por mais que o local fosse considerado pobre, as pessoas que viviam ali, dispunham de um sistema mais igualitário e não almejavam riquezas, apenas uma aproximação com Deus.
No arraial dos Canudos, criava-se cabras e gado, lucravam com o couro, plantavam legumes e frutas, tinham igreja, uma fábrica de rapadura e até mesmo uma escola.
Por que ocorreu a Guerra de Canudos?
A mão-de-obra na região sempre fora abundante e barata para os coronéis, mas o cenário começou a mudar após o movimento de Conselheiro e ameaçava o sistema já imposto por séculos baseado na exploração.
Uma vez que os moradores do arraial de Canudos não tinham apoio do governo, eles também se negavam a pagar impostos e seguirem as leis propriamente estabelecidas.
Isso acabou gerando uma indignação por parte de ambos, vendo que a autoridade já não era mais respeitada, em 1896 o Exército foi chamado para acabar com arraial, dando início a Guerra de Canudos.
Conselheiro e seu povo guerrilharam apenas para defender o que tinham conquistado até então, uma vez que se o arraial de Canudos fosse derrotado, as pessoas teriam que voltar ao velho sistema de baixo rendimento, que os deixavam até mesmo sem ter o que comer.
Consequências da Revolução de Canudos
Acredita-se que as consequências da revolução foram mais de 25 mil pessoas tenham morrido com a Guerra de Canudos, sendo que o conflito contou com mais de 12 mil soldados vindos de várias partes do país, divididos em quatro expedições.
Após a morte de Conselheiro em setembro de 1897, o arraial dos Canudos foi incendiado no mês seguinte pelos militares, além de matarem grande parte dos moradores.
Após os conflitos, além da má reputação resultante do extermínio, o governo acabou ficando endividado por conta dos gastos que teve com a Guerra de Canudos, e também não cumpriram com a promessa de oferecer moradias para alguns soldados que fossem guerrear.
Por outro lado, a derrota de arraial dos Canudos fez com que a soberania dos latifundiários voltasse a reinar em meio a escassez do povo, fortalecendo ainda mais o coronelismo.
Como terminou a insurreição de Canudos?
O exército foi derrotado três vezes pelos moradores de arraial dos Canudos antes de ser destruída.
A primeira batalha que deu início a Guerra de Canudos, ocorreu em Uauá na madrugada de 24 de novembro de 1896, onde o exército foi surpreendido pela tática dos guerrilheiros e derrotados por eles.
A segunda expedição aconteceu em 1897. Já esperando pelo retorno do exército, os moradores buscavam construir uma fortaleza em torno do arraial com a intenção de proteger o local.
E no dia 18 de janeiro, o exército foi novamente derrotado em Tabuleirinho.
Em março aconteceu uma nova expedição que teve início no dia 2 e acabou resultando no abatimento do coronel Moreira César, até então, responsável pela tropa.
O comando foi passado para Pedro Nunes Batista Ferreira, que também acabou sendo morto em combate. Humilhado, o exército encerra a expedição.
No mês seguinte a quarta expedição foi organizada, dessa vez com dois generais comandando mais de 4 mil soldados com os melhores armamentos da época, onde se dividiam cercando Canudos.
A guerra só veio acabar em setembro, quando o exército conseguira fechar o cerco completamente.
No dia 22 de setembro de 1897 Antônio Conselheiro morreu por conta de alguma doença, provavelmente resultante dos ferimentos não tratados.
A República havia prometido a vida para aqueles que se rendessem, porém todos acabaram sendo degolados, fazendo da Guerra de Canudos um dos maiores crimes ocorridos em território nacional.