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Belchior

Leia a biografia do grande cantor e compositor Belchior. Ele tinha tudo para ter um final de carreira e de vida glorioso, mas optou pelo auto-exílio.

Biografia De Belchior
Uma personalidade forte, talentosa, genial, bem humorada e – nos últimos 10 anos de vida – relativamente polêmica. Esses termos, ainda que bem gerais, podem dar pistas sobre quem foi Antônio Carlos Gomes Fontenele Belchior. O que você vai ler a seguir é a biografia de Belchior.

Tópicos da biografia:

Biografia de Belchior – o filho de Sobral

Nascido na cidade de Sobral, estado de Ceará, no dia 26 de outubro de 1946, Belchior deixou sua marca na cultura brasileira como cantor, poeta, letrista, músico, compositor e intelectual dos mais celebrados.

Belchior era filho de Dolores Gomes Fontenele Fernandes e Otávio Belchior Fernandes. Tinha muitos, mas muitos irmãos (22, ao todo).

O cantor que fez parte do grupo de artistas chamado de “Pessoal do Ceará”. Outros integrantes dessa espécie de movimento artístico-musical eram Fagner, Ednardo, Rodger, Amelinha, estes os principais, além de outros grandes artistas. Sem dúvidas, foi um grupo que se destacou na música popular brasileira pela muita originalidade.

Início da vida como artista

O artista começou sua carreira ainda criança, como repentista e cantor de feira livre, a conseguia chamar a atenção pela forma diferenciada com que se apresentava. Belchior sempre foi um inovador e buscava transpor as barreiras do comum.

Na adolescência e juventude, além de aprender tocar violão, dedicou-se a estudar música e aprendeu piano, ler partitura e desenvolveu de maneira rápida seus conhecimentos.

O cantor chegou a trabalhar numa rádio na cidade de Sobral, mas desejava ir mais além e, então, resolveu mudar-se para Fortaleza, onde cursou Filosofia e chegou a dar aulas.

Nutrindo um sonho antigo, o artista começou a cursar medicina. Mas foi envolvido pela música e resolveu abandonar seu curso. Seguiu com um grupo de artistas cearenses para São Paulo e para onde tivesse um festival de música.

Festival Universitário

Belchior
Foto: Reprodução/Divulgação

Já um notável compositor, Belchior, em 1971, participou do IV Festival Universitário de Música Popular Brasileira e venceu cantando “Na Hora do Almoço”, uma de suas mais canções mais icônicas.

O cantor era um verdadeiro nômade. Saiu do Rio de Janeiro, onde morava nessa época, e foi para São Paulo. Repetiu uma prática que acabou fazendo até o final da vida: andar, andar, andar por diferentes lugares…

Elis Regina e Belchior

Em 1971 gravou seu primeiro compacto, que acabou impactando muito a cantora Elis Regina. Essa maravilhosa cantora brasileira gravou várias canções de sua autoria, sendo a primeira “Mucuripe”, que foi composta em parceria com Fagner.

O cantor, que dividia o trabalho nos palcos com diversos empregos, gravou seu disco pela Chantecler e em seguida gravou Alucinação, já por outra gravadora, a Polygram.

O sucesso de Belchior era inegável a partir desse primeiro álbum e suas canções se tornaram altamente conceituadas.

Inovador como sempre Belchior, que sempre fez críticas duras ao mercado fonográfico, resolveu criar sua própria gravadora (Paraíso) e lançar seus discos de forma independente.

Final da vida, o autoexílio

O final da vida de Belchior foi indigna para o grande artista que ele era. O cantor deixou a ex-esposa Ângela após se apaixonar por uma senhora que atendia pelo nome de Edna Prometheu.

A partir da união com Edna, enfrentou vários processos judiciais e teve todos os bens bloqueados. Morando de favor em casas de amigos o artista chegou a buscar abrigo em uma instituição de caridade.

Há uma obra literária que retrata amorosamente bem essa época de andanças do cantor pela região sul do Brasil, tempo em que foi acolhido por amigos. O livro se chama Belchior, a história que a biografia não vai contar, e seu autor é Jorge Cláudio de Almeida Cabral.

O jornalista Alberto Vicente, editor responsável pelo Biografia Resumida, teve acesso ao livro e nos transmitiu este depoimento:

Livro que revela uma outra faceta do “bardo sobralense” Belchior. Um depoimento sincero de um amigo que pôde acompanhar pequena parte dos últimos 10 anos da vida do artista. A intrigante história desse cantor, que tinha tudo para sobreviver bem no final da vida, com os recursos provenientes da sua obra (pelo patamar que ela atingiu). ‘Belchior – a história que a biografia não vai contar‘ pode ser considerado um livro de referência para as futuras biografias do cantor. Se existem algumas coisas a pontuar nessa trajetória de Bel, podemos listar pelo menos duas: a primeira é sensação de estranheza que a companheira do cantor nos causa. Talvez nunca ficaremos sabendo se ela exerceu de verdade algum papel no autoexílio de Belchior (continuamos esperando que ela mesma se manifeste). A segunda pontuação é a complexa opção do artista pelo ostracismo e por um endividamento financeiro totalmente desnecessário. Sem sombra de dúvidas, Belchior foi singular até nos últimos anos de sua vida! Continuará sendo um assunto intrigante por muitos anos.

A morte de Belchior

Em 30 de abril de 2017, o artista sobralense morreu numa casa onde morava de favor, na cidade de Santa Cruz do Sul. Relatos médicos dão conta de que Belchior sofreu um infarto, com rompimento da aorta.

O cantor estava com 70 anos e já longe dos holofotes desde, pelo menos, 2009, quando o jornalístico da Globo, Fantástico, levantou a polêmica sobre o sumiço e os muitos processos de endividamento de Belchior.

Na época da reportagem, que acabou produzindo o bordão “por onde anda Belchior?”, o compositor cearense estava vivendo discretamente numa casa no Chile.

Todos concordavam que Belchior tinha plenas condições de saúde para deixar uma memória diferente. Já considerado como um medalhão importante da nossa MPB, poderia, com poucas apresentações públicas, se livrar de todos os problemas financeiros que ele mesmo provocou.

Mas preferiu seguir um rumo desconhecido. Talvez o rumo necessário para o seu autoconhecimento… Não iremos saber.

Obras sobre Belchior que podem lhe interessar

Belchior
Foto: Reprodução/Divulgação

Além do livro do Jorge Cabral, que mencionamos acima, outras obras recentes podem fornecer ao fã ou ao interessado pela vida de Belchior um belo painel.

Nós, do Biografia Resumida, recomendamos o pequeno livro do jornalista Jotabê Medeiro, lançado em 2017, intitulado Belchior: Apenas um rapaz latino-americano.

Jotabê faz um levantamento meio jornalístico sobre o compositor, reunindo entrevistas que deu, depoimentos de amigos, parceiros musicais, familiares e outras pessoas envolvidas de alguma forma com o artista. Como introdução à biografia do cantor, recomendamos.

Outra obra mais recente é de 2020. Trata-se de um projeto da Sonora Editora, na forma de financiamento coletivo, que venderá um livro sobre a trajetória do cantor e compositor, buscando compreender as motivações que o fizeram viver seus últimos dez anos em exílio.

Além do livro, outros brindes temáticos estão à disposição da plataforma de colaboração, tais como camisa, sacola ecológica, vinis e outros livros. Vale a pena acessar o projeto neste link.

Por último, o nosso editor Alberto Vicente recomenda a tese de doutorado e a dissertação de mestrado da professora Josely Teixeira Carlos. Sobre essas produções, Alberto afirma o seguinte:

A doutora Josely Teixeira investiga o que está por trás das letras (dos poemas) de Belchior. Por isso são dois trabalhos que, apesar de serem acadêmicos (teóricos), merecem ser lidos por todos aqueles que apreciam a obra musical do cearense.

Resumo da Biografia de Belchior

Nome:Antônio Carlos Belchior
Ocupação:Cantor, compositor, músico, produtor, artista plástico e professor
Nacionalidade:Brasileiro
Data de nascimento:26/10/1946
Data da morte:21/02/2024
Alberto Vicente

Jornalista (DRT - BA 5272) e Professor, formado em Letras Vernáculas pela UEFS. Escreve para blogs e sites desde 1997.

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