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Revolta de Beckman

Revolta De Beckman
A Revolta de Beckman foi um movimento que reivindicava o monopólio de uma companhia criada pela Corte Portuguesa, no entanto, para entender o que foi essa revolta é necessário compreender o contexto histórico que a originou.

O estado do Maranhão começou a ser criado durante a época da Dinastia Filipina no Brasil, por volta do ano de 1621. Durante essa época o território do estado era formado por outros, especificamente o do Ceará, do Piauí, do Pará e do Amazonas.

Toda essa extensão territorial era de domínio da Coroa Portuguesa, e todas as decisões econômicas e políticas eram por ela tomadas.

A economia da região se baseava na produção agropecuária, basicamente os trabalhadores viviam em condições de pobreza e conseguindo o mínimo para sua subsistência.

Tais condições foram agravadas com a crise do estado no século XVII, pois nessa época os holandeses foram expulsos do território e a empresa açucareira que ficou responsável pela venda de cana não possuía condições de arcar com os custos da importação da escravidão africana.

Houve ainda neste período a libertação dos escravos indígenas, que somente aconteceu por pressão de religiosos jesuítas.

Os chamados senhores do engenho por conta da escassez de mão de obra, começaram a invadir aldeamentos jesuítas, e os responsáveis pela aldeia pediram a intervenção da Coroa para que as invasões fossem extintas.

Para resolver essas questões a Coroa Portuguesa criou a Companhia do Comércio do Maranhão no ano de 1682, a qual teria monopólio sobre o comércio do Maranhão e seria a responsável por fornecer mão de obra (escravos africanos) e, além disso, deveria atender às demandas da população.

Só que a companhia prejudicava a economia local, os senhores do engenho e a população local. E foi neste contexto que a Revolta de Beckman aconteceu, veja mais a seguir.

Foto: Reprodução/Divulgação.
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O que foi a Revolta de Beckman?

A Revolta de Beckman foi um movimento de descontentamento dos senhores do engenho contra a Companhia do Comércio do Maranhão, que não conseguia cumprir seus compromissos e acabou agravando a crise econômica da região.

O movimento foi organizado e liderado pelos irmãos Manuel e Tomás Beckman, poderosos senhores do engenho da região, apoiados por diversos outros proprietários, comerciantes e religiosos.

A revolta começou durante uma festividade de Nosso Senhor dos Passos no dia 24 de fevereiro do ano de 1684 na cidade de São Luís, data em que o Governador Francisco de Sá de Menezes tinha ido viajar.

Neste dia, um grupo de cerca de 80 homens invadiram armazéns da companhia e roubaram diversas mercadorias, além de ocuparem os colégios jesuítas que tinham lutado pela libertação dos escravos indígenas.

A revolta exigia melhora nas relações entre Portugal e Maranhão e buscava a extinção da companhia.

Já no outro dia, a Companhia reagiu de forma violenta. Porém, a batalha entre os revoltosos e a Companhia perdurou por mais de um ano.

Neste meio tempo, um dos líderes da Revolta, Tomás Beckman foi a Portugal tentar traçar um acordo com a Corte Portuguesa e denunciar as infrações cometidas pela companhia.

Portugal negou uma negociação e nomeou um novo governador para o estado, ao mesmo tempo em que enviou tropas que deveriam por um ponto final no movimento, o resultado foi um conflito violento que acabou com a revolta e resultou na morte de seus representantes.

Somente no ano de 1685, com a confirmação das denúncias que a Companhia foi extinta, seguindo ordem da Coroa Portuguesa.

Motivos causadores

Os motivos causadores da Revolta de Beckman foram:

  • Os comerciantes se sentiam prejudicados pelo monopólio de mercado da Companhia;
  • Os proprietários rurais estavam insatisfeitos com os preços pagos pela Companhia por seus produtos;
  • A população estava sendo prejudicada pelos altos preços cobrados, pelos produtos de baixa qualidade e pela escassez de produtos vendidos pela Companhia;
  • A mão de obra escravizada oferecida pela companhia não era suficiente e os proprietários queriam escravizar a mão de obra indígena;
  • Os jesuítas haviam lutado pelo fim da escravidão indígena, o que não agradou os proprietários.

Onde ocorreu a Revolta de Beckman?

A chamada Revolta de Beckman aconteceu no estado brasileiro do Maranhão, especificamente na cidade de São Luís, capital do estado.

Consequências da Revolta de Beckman

Como consequências da Revolta de Beckman, tem-se:

  • Morte dos revoltosos;
  • Conflitos intensos na região;
  • Condenação ao enforcamento de Manuel Beckman e Jorge Sampaio;
  • Thomas Beckman foi exilado;
  • Situação de vulnerabilidade social para a população de todo o estado, principalmente no que se refere à falta de alimentos.

Desfecho

Apesar de a Revolta de Beckman não ter tido um desfecho positivo e não ter gerado resultados inicialmente, o movimento contribuiu para que mais tarde fossem descobertas as irregularidades cometidas pela Companhia do Comércio do Maranhão.

Como consequência teve-se a morte de diversos revoltosos e como a Companhia detinha o monopólio e estava em conflito com parte dos fornecedores, seus serviços pioram ainda mais.

Com a chegada de um novo governador ao Maranhão, Gomes Freire de Andrade, o movimento foi extinto de forma violenta. A situação do estado não se resolveu e a pobreza continuou ao longo do século XVIII.

Após a extinção da Companhia do Comércio do Maranhão, outras Companhias foram criadas para tentar resolver os problemas do estado, como por exemplo, a Companhia de Comércio do Grão Pará e Maranhão.

Essas sucessivas dificuldades enfrentadas pelo estado acabaram ocasionando a divisão do território.

Considerações finais

Contudo, a Revolta de Beckman foi um movimento que mostrou os conflitos de interesse da época entre os colonos e o estado. Servindo para mostrar os grandes problemas de mão de obra e abastecimento no estado do Maranhão.

Todas as ações da Coroa Portuguesa naquela época preconizavam o interesse de Portugal e prejudicava os interesses dos brasileiros. Quando os moradores do estado se mostravam insatisfeitos, Portugal respondia com violência, pois não permitia abrir mão de seu poder sobre o estado.

Não só a Revolta de Beckman, mas como muitos outros acontecimentos da história do Brasil mostram como a colonização do país não foi nada justa.

Alberto Vicente

Jornalista (DRT - BA 5272) e Professor, formado em Letras Vernáculas pela UEFS. Escreve para blogs e sites desde 1997.

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