Ir para o conteúdo

Lenda da Vitória Régia

Lenda Da Vitória Régia 1
Antes de adentrarmos ao assunto dessa lenda específica, precisamos entender do que se trata uma lenda, pois com esse entendimento prévio será bem mais fácil compreender o que a Vitória Régia representa e como deve ser entendida.
Tópicos da biografia:

O que é uma lenda

Uma lenda se trata de um conto narrativo com características fabulosas e misteriosas, onde são envolvidos fatos históricos referentes a um episódio ocorrido.

Sempre é mencionada com um cenário que envolve requer imaginação.

Costuma despertar curiosidade sobre o lugar e os personagens envolvidos.

As lendas geralmente são transmitidas por via oral e são passadas de geração em geração, elas também podem sofrer algumas alterações dependendo da região onde for contada.

As lendas existem em todas as culturas, e na brasileira não poderia ser diferente.

No Brasil, existem diversas lendas famosas como:

  • o boto cor de rosa;
  • Saci Pererê;
  • a mula sem cabeça;
  • o lobisomem (mesmo não sendo de origem brasileira, faz parte do nosso folclore);
  • curupira;
  • entre outros.

O que é a Vitória Régia

A vitória régia é uma planta aquática típica da Amazônia e possui diversos nomes como:  uapé, aguapé, aguapé-açu, jaçanã, forno-de-jaçanã, rainha-dos-lagos, forno, forno-de-jacaré, forno-d ‘água entre outros nomes.

Ela tem características singulares, possuindo uma folha achatada com bordas altas, lembrando uma forma rasa de bolo.

Na tradição afro-brasileira é considerada uma folha sagrada em seus rituais, recebendo o nome de oxibata.

A lenda da Vitória Régia

Esta lenda é de origem indígena e muito bem conhecida dentro do folclore brasileiro.

Ela é uma lenda típica da região norte, pois foi onde a sua história começou a ser contada.

A lenda conta uma história que envolve amor, tragédia, comoção, além de demonstrar como nasceu a vitória régia e como ela se tornou um dos símbolos oficiais da Amazônia.

Reza a lenda que há muito tempo atrás existia uma tribo indígena que tinha um deus chamado Jaci, esse deus era a lua, que sempre aparecia à noite no céu e mostrava a sua beleza e esplendor.

Jaci era um deus romântico e que tinha como costume flertar com as índias virgens e sempre buscava as mais belas que habitavam a região.

Era tradição sempre que encontrava uma bela índia, ele descia para a terra e a levava para o céu.

Assim, logo após o encontro, ele a transformava em uma estrela, para sempre ficar brilhando ao lado dele no céu.

Sabendo do que acontecia com as índia que se apaixonaram por Jaci e o destinos que elas seguiam, os índios mais velhos daquela tribo sempre alertavam as belas índias sobre o que poderia acontecer caso alguma delas se apaixonasse por Jaci, porém, os avisos nem sempre eram obedecidos acabavam que sempre novas índias caiam na tentação e iam se encontrar com Jaci.

Aconteceu que uma linda índia de nome Naiá sempre que ouvia essa história ficava curiosa para saber como era Jaci e ficou com o desejo de se tornar uma estrela. Então Naiá ficou perdidamente apaixonada e com desejo de namorar com Jaci.

Dessa forma, ela ficou tão obcecada para encontrar Jaci que todas as noites ela saía andando e esperava que o brilho da lua descesse dos céus e viesse buscá-la. Sempre aguardava ansiosa pelo encontro com o deus que transformava as índias em estrelas.

Na sua inocência, ela não imaginava que poderia virar uma estrela logo, podendo assim namorar com Jaci por um bom tempo.

Naiá manifestava tanto o desejo de encontrar Jaci, que os índios da tribo notaram e alertaram-na ainda mais que se ela fosse encontrar Jaci, ela não seria mais uma índia, iria virar uma estrela e nunca mais viria para a terra novamente.

Porém de nada adiantou os avisos, Naiá estava muito apaixonada e para ela apenas importava o encontro com o seu amado.

Então em um certo dia Naiá resolveu de uma vez por todas ir encontrar Jaci, esperou chegar à noite e se aprontou para o encontro. Decidiu sair escondida da tribo e seguiu caminhando até o rio.

Chegando à beira do rio viu no céu a lua com seu lindo brilho, então ela continuou andando procurou e não viu Jaci, então ela olha para as águas do rio e vê o reflexo da lua.

Naiá fica muito feliz ao ver que ele tinha finalmente a notado. Ela em estado de profundo amor começou a se inclinar para as águas do rio, e tentou beijar o reflexo da lua, ao fazer esse movimento ela cai na água do rio e desperta do seu estado de transe.

Nesse momento Naiá se vê dentro do rio e sem forças para conseguir voltar, desiludida sabendo que não passava de apenas uma ilusão, ela se entretece e acaba por morrer afogada.

Logo Jaci ficou sabendo do que tinha acontecido a índia Naiá, e subitamente ficou desolado, então entendendo a forte paixão que Naiá sentia por ele e não podendo retribuir essa paixão, decidiu prestar-lhe uma homenagem.

Ao invés de transformá-la em mais uma estrela, ele optou em uma estrela aquática, a grande flor do Amazonas, que hoje conhecemos como Vitória Régia.

Como forma de manifestar sua paixão, a vitória régia só abre suas flores à noite e quando floresce possui um agradável aroma.

Em outra versão, bem menos aceita, também é contado que existia um índio como o personagem que tinha desejo de namorar com lua, nesse caso a lua seria um tipo de deusa.

Peça teatral da lenda da vitória régia

A peça que retrata a lenda da vitória régia é bem comum de ser encenada nas escolas do norte e do nordeste brasileiro. Ela é uma peça teatral curta, mas podendo ser estendida de acordo com a direção de quem está à frente da encenação. Geralmente é um espetáculo belíssimo e vale a pena conferir caso tenha a oportunidade.

Alberto Vicente

Jornalista (DRT - BA 5272) e Professor, formado em Letras Vernáculas pela UEFS. Escreve para blogs e sites desde 1997.

Configurações
Sair da versão mobile